2 de outubro de 2015
As entidades representativas de policiais militares vão reagir à decisão do governo de não reajustar os salários da categoria este ano e trabalhar para reverter a situação. Esta decisão foi tomada em audiência pública realizada na tarde de hoje (2 de outubro), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, auditório André Franco Montoro, sob a presidência do deputado estadual Cel Álvaro Batista Camilo.
A audiência começou com um relato do que foram as negociações este ano. A Coordenadoria das Entidades Representativas dos Policiais Militares do Estado de São Paulo (CERPM) começou a reunir os filiados em fevereiro para traçar a estratégia da negociação. No dia 11 de maio, a proposta de reajuste de 15% para este ano e 15% para o ano que vem foi apresentada ao comandante-geral da Polícia Militar. Uma semana depois, no dia 19, ela foi formalmente entregue ao secretário da Segurança Pública, em reunião da CERPM.
O secretário só viria a conversar com as entidades em setembro, depois de mais de três meses de silêncio e três cancelamentos de reuniões agendadas para tratar do assunto. Na manhã do dia 29, na Secretaria da Segurança Pública, ele anunciou a decisão do governo: não haverá reajuste salarial este ano. O motivo apontado foi a crise por que passa o Brasil, com reflexos na economia paulista. “O governo está no vermelho”, disse.
Na audiência pública de hoje (2 de outubro), pronunciaram-se, pela ordem, os seguintes dirigentes de entidades:
Cb Wilson Morais – presidente da Associação dos Cabos e Soldados
“No ano passado o governo também disse que não daria reajuste. Acabou cedendo depois de intensa pressão, manifestações enormes, carreatas que fizemos. É preciso lembrar que todos os Estados fizeram greve; menos nós. Não vamos aceitar o reajuste zero! Não podemos ficar quietos porque desta maneira o governo vai se acomodar e nós vamos ficar sem aumento. Proponho fazer plantão aqui na Assembleia, toda terça-feira, dia de votação, para pressionar os deputados.”
Cel PM Salvador Pettinato Neto – presidente da AOPM
“É difícil sentar à mesa de negociação com o governo. Conversamos, propomos, negociamos e levamos um zero na cara. A gente vai perdendo a calma; não queremos ser ofensivos, desagradáveis, mas é o que nos resta, é o que o governo está procurando. O governador Geraldo Alckmin não gosta da Polícia. Quando podia dizer sim, disse não. Agora, com nossa economia em frangalhos, fica fácil dizer não. Nós, das associações, estamos lutando, fazendo um trabalho sério. Pergunto até quando vamos ficar em posição de sentido para o governo.”
Sgt Elcio Inocente – presidente da APMDFESP
“Não vamos baixar a guarda. O governador desrespeita os policiais militares. Todo ano temos de brigar pelo que merecemos. Toda vez, para conquistar algo, é assim, com luta, brigando. Exigimos respeito do governador. Todos nós sabemos que ele é insensível, mas vamos pressionar para reverter isso.”
Cel Jorge Gonçalves – presidente da AOMESP
“Todas as vezes que reivindicamos, o Estado alega falta de orçamento; no fim arruma uma suplementação, racionaliza as contas. O secretário da Segurança não pode fazer muita coisa frente aos secretários da Fazenda e do Planejamento. Por isso nossa força está no poder legislativo e no judiciário. Isoladamente, nossa palavra não chegará a ninguém, principalmente agora que a economia está no buraco. Por isso, devemos fazer pressão para buscar o que foi reivindicado.”
Depois das ponderações dos presidentes de entidades, o Cel Camilo lembrou que todas as negociações anteriores seguiram o mesmo ritual: primeiro, o governo disse não; depois voltou atrás e concedeu o reajuste. Informou, também, que conversou com o secretário da Segurança, Alexandre de Morais, e recebeu a informação de que a questão não está fechada e o assunto poderá ser retomado. Portanto, disse o deputado, as entidades devem continuar unidas, em contato permanente, trabalhando para reverter a situação.
Ao final da reunião, ficou decidido que as entidades e seus associados estarão presentes na Assembleia Legislativa toda terça-feira, dia de votações importantes, para forçar os deputados a interceder pela categoria junto ao governo.