13 de fevereiro de 2025
Inicialmente justificaremos o motivo ou a razão para escrevermos sobre essa personalidade mundial. Em primeiro lugar porque está completando, neste mês de janeiro de 2025, 60 anos da morte do estadista; em segundo lugar porque ele foi considerado o maior cidadão britânico de todos os tempos – e um dos maiores personagens da História Moderna do mundo ocidental no século XX; em terceiro, por sua importância na Segunda Guerra Mundial no combate ao nazismo e, finalmente, como seria bom se o Brasil de hoje tivesse um político dessa estirpe.
O nosso homenageado, Sir Winston Leonard Spencer Churchill, pertencia a uma família aristocrata. Nasceu no dia 30 de novembro de 1874, no Palácio de Blenheim, em Woodstock, Oxfordshire na Inglaterra. Ali era a residência oficial do seu pai, o Duque de Marlborough, e da sua mãe, a socialite americana Jennie Jerome Spencer. Faleceu no dia 24 de janeiro de 1965, em sua residência no Hyde Park Gate, em Londres, em razão de uma trombose cerebral.
Um de seus biógrafos o descreveu como um ser multifacetado: era um político, esportista, artista, orador, historiador, parlamentar, ensaísta, jornalista, soldado, estrategista, imperialista, monarquista, democrata, egocêntrico, romancista, piloto, espião, colecionador de borboletas e chorão, apelido esse que lhe foi dado pelo Duque e pela Duquesa de Windsor porque não se importava de chorar em público.
Churchill teve formação militar. Em 1894/1895, graduou-se Cadete de Cavalaria da Academia Real de Sandhurst, sendo comissionado como Segundo-tenente no 4º Regimento de Hussardos da Rainha do Exército Britânico, mesmo ano em que foi lutar em Cuba contra forças cubanas. Em 1896 foi servir na Índia e lá permaneceu por um ano e meio; em 1898 foi lutar no Sudão, num batalhão de Cavalaria. Neste mesmo ano publicou seu primeiro livro, sobre as suas experiências como soldado. Em 1899 foi prisioneiro de guerra na África do Sul, fugindo do campo de concentração neste mesmo ano.
Em 1901 ganhou sua primeira eleição para a Câmara dos Comuns. Em 1908 casou-se com Clementine Hozler, com quem teve cinco filhos. Durante a Primeira Guerra Mundial foi nomeado, em 1911, Primeiro Lorde do Almirantado (Chefe Civil da Marinha Britânica), renunciando em 1915 após a desastrosa Campanha de Gallipoli. No ano seguinte foi nomeado Tenente-coronel e comandou o 6º Batalhão Real Escocês, na região da Bélgica e França.
Em setembro de 1939 foi chamado novamente para ser o Primeiro Lorde do Almirantado, onde se manteve até 1940, quando se tornou Primeiro-Ministro, Primeiro Lorde do Tesouro e Ministro da Defesa. Em 1953 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura por suas obras, incluindo livros e discursos. No ano de 1963 recebeu do Presidente John F. Kennedy o título de “Cidadão Honorário dos Estados Unidos da América”.
No ano seguinte, 1964, aposentou-se da vida pública após 60 anos de efetiva atuação, sendo a sua última aparição pública no dia 28 de julho de 1964, na Câmara dos Comuns.
Após a sua morte, numa votação organizada em 2002 pela BBC do Reino Unido, foi eleito o Maior Britânico (Greatest Briton ), principalmente por sua participação na Segunda Guerra Mundial, vencendo a Princesa Diana, Charles Darwin, William Shakespeare, Isaac Newton e Oliver Cromwell.
Ideologicamente era um liberal econômico e imperialista, sendo que durante a maior parte de sua carreira pertenceu ao Partido Conservador, o qual liderou de 1940 a 1955 – mas também foi membro do Partido Liberal, de 1904 a 1924. No que diz respeito à religiosidade, era mais ou menos um ateu, e tinha fascínio e flerte com a cultura islâmica, que era comum entre os vitorianos da época, mas nunca pensou em se converter, apesar de ter visões antissemitas.
Churchill sempre defendeu a integração europeia. Foi um dos primeiros a defender a criação dos Estados Unidos da Europa, o que veio a ocorrer posteriormente com a criação da União Europeia.
Sua participação na Primeira Guerra Mundial começou quando foi nomeado Primeiro Lorde do Almirantado. Agiu como comandante da Marinha britânica, oportunidade em que procurou fortalecê-la com altos investimentos.
Contudo, o seu prestígio caiu por terra em razão do fracasso da ofensiva militar na Turquia, em 1915, em Dardanelos (Gallipoli), o que ocasionou a morte de 147.000 britânicos, originando seu pedido de demissão.
Após o fim da Primeira Guerra ele assumiu vários cargos no governo, como Ministro das Munições, Ministro da Guerra, Ministro das Colônias e Ministro do Tesouro.
Churchill sempre defendeu que as ações expansionistas dos alemães deveriam ser interrompidas para evitar um mal maior, pois eles desrespeitavam constantemente o Tratado de Versalhes. Nunca foi ouvido pelo Primeiro-Ministro britânico Neville Chamberlain; e o resultado foi o que todos nós conhecemos, a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Em 10 de maio de1940, com a guerra já no seu curso, o Rei George VI o convidou para assumir o governo no lugar do primeiro-ministro Chamberlain, logo após a derrota da Noruega e a invasão da França, pelos nazistas. Uma de suas primeiras atitudes foi se aproximar dos Estados Unidos e da União Soviética, garantindo os seus apoios contra os nazistas.
Em junho desse mesmo ano, ele fez o seu famoso discurso, “Finest Hour”, inspirando o povo britânico a continuar a lutar, apontando como as palavras teriam importância na guerra, pois ele estimulava a imaginação dos ouvintes, simulando a presença deles no campo de batalha, e destacava: “Não tenho nada a oferecer senão sangue, trabalho, lágrimas e suor”.
Citaremos agora algumas características pessoais do político: ele tinha a língua presa, e as suas dentaduras eram feitas especialmente para destacar essa característica, que o identificava nas transmissões de rádio. Uma delas foi leiloada em 2010 por 15.000 libras, e a outra está no Museu Huntarian em Londres, sendo que o representante do museu assim se refere a elas: “Estes são realmente os dentes que salvaram o mundo“.
Ele gostava de beber logo pela manhã; seu mordomo trazia, logo após o desjejum, uma dose de Johnnie Walker Red Label, seguido de um vinho branco. Tomava vinho tinto Bordeaux no almoço e duas garrafas de champagne para fechar o dia. Era um inveterado fumante; segundo as suas biografias, fumou no decorrer de sua vida cerca de 190.000 charutos.
Churchill deixou várias frases impactantes para cada momento de sua atuação na política, mas a mais famosa foi: “Nunca tantos deveram a tão poucos!“, referindo-se à luta de uma pequena nação como o Reino Unido na defesa de um mundo livre do nazismo.
Parodiando a sua frase para hoje no Brasil poderíamos dizer: “Nunca tantos foram roubados por tão poucos“.